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O uso dos diagnósticos psiquiátricos como forma de legitimação do sofrimento

  • Foto do escritor: psialineosilva
    psialineosilva
  • 20 de ago. de 2022
  • 2 min de leitura

Atualizado: 6 de fev. de 2024

No final das contas, desejamos conseguir nomear nosso sofrimento


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Muito se discute sobre o uso indevido dos diagnósticos psiquiátricos. Alguns especialistas dizem que experienciamos um uso excessivo desses diagnósticos que influenciam a maior medicalização da população. Já outros especialistas, afirmam que só diagnosticamos mais pessoas hoje em dia, porque temos mais ferramentas para isso. Ou seja, não é que antes não havia tantos indivíduos com diagnóstico psiquiátrico, eles só não eram corretamente identificados e tratados.


O que proponho, entretanto, não é reforçar uma ou outra visão, mas salientar a função que o diagnóstico bem realizado pode ter para a legitimação do sofrimento psíquico intenso e a identificação com um grupo que sofre de dificuldades semelhantes.


Em relação a legitimação, observo na clínica que o diagnóstico de algum transtorno atenua a pressão que o sujeito sofre para conseguir extinguir todos os seus sintomas, como se isso fosse apenas de sua responsabilidade. Ao ser diagnosticada corretamente, a pessoa começa a entender que em alguns casos, assim como temos doenças biológicas crônicas, também possuímos doenças psíquicas crônicas. Isso não quer dizer que não é possível melhorar, mas legitima o sofrimento intenso e ajuda o indivíduo a entender que a cura não está apenas sobre suas mãos.


Em relação a identificação, quando alguém é diagnosticado com um determinado transtorno, a pessoa tende a se sentir menos sozinha, pois percebe que faz parte de uma comunidade que também sente o que ela sente. Essa forma de identificação alivia a sensação de solidão e não pertencimento, que é muito comum em determinados transtornos psíquicos. A possibilidade de ler algo e se identificar e/ou de conversar com alguém que a entende é fundamental para a sensação de compreensão e consequentemente acolhimento.


É importante ressaltar que esses pontos são positivos quando o diagnóstico psiquiátrico é realizado de forma correta e responsável, sem a pretensão de encaixar todo sofrimento em uma determinada caixinha.

 
 
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